segunda-feira, 17 de outubro de 2011

De tempos em tempos apareciam na minha porta abelhas, eu relutava, Mas Deus, abelhas? Na primavera eu colhia as flores.

término, parte 1

Levantei, acendi um cigarro, o que sobrou de um, de palha. Traguei fundo enquanto ele se manteve aceso, até ser só palha e se apagar entre os meus dedos. Olhando ainda pela janela da sala, arremecei, tentando ser preciso, vendo-o voar em espiral, carregado por um vento que eu não sabia ser permitido para essa noite. Recuei. As mesmas luzes que de hábito acendo, apaguei; a primeira, fazendo o caminho inverso. Uma subta vontade de colocar a mão sobre a boca, como em concha, baforejar e sentir meu hálito de tabaco seco, que é seu cheiro. Me recusei. Quase quis chorar. Me recusei. Apaguei a segunda lampada e a terceira. Acendi a do quarto e vi a cama da qual me levantara - no travesseiro tambem seu cheiro, de bebida barata, de boca seca de saliva, de quem batia a minha porta depois de entregue aos prazeres da noite; e dormia um cansaço ébrio e pesado. Dormia comigo, abraçado por tras. Um corpo suado e o meu que começava a suar pela intença aproximação. Quis trocar toda a roupa de cama. Chorei. Horas antes tinha jogado sua escova de dentes fora, num ímpeto - se pensado não se findaria. Uma forma de, aos poucos, ir me desvencilhando dos laços materiais que apertam demais os sentimentos. Agora eu vejo o quanto eu demorei a chorar e só queria que essas lágrimas que brotam de tempo acumulado descessem pela minha garganta, alcoolicas, como marguerita de dose desregulada de tequila e fosse eu, então, a dormir, ébrio e pesado; tranquilo, suando meu próprio suor, acordando limpo.